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11/07/2014

Trilogia Grisha 2 - Sol e Tormenta (Leigh Bardugo)

“Sol e Tormenta” é o segundo volume da trilogia Grisha que chegou ao Brasil ano passado e conseguiu me descabelar inteira . Todos os eventos que se passam neste livro estão intrinsecamente ligados ao livro um, “Sombra e Ossos”, portanto, talvez apareçam alguns detalhes triviais – considerados por muito de vocês como spoilers. De qualquer forma, quem não ainda não conhece a trilogia, tem resenha do livro um aqui no blog.

Depois de toda a confusão, mentiras e vingança no final de “Sombra e Ossos”, o livro dois começa com Alina e Maly fugitivos em outra cidade para além do Mar Real. Desde que Alina conseguiu controlar o poder do amplificador de Marozova, deixando Darkling e seus grishas na Dobra das Sombras, ela tenta levar uma vida normal. Mas para aparentar uma normalidade, ela precisa esconder seus dons e isso a enfraquece. Alina quer acreditar que conseguirá fugir do Darkling, mas sente que é impossível se desvencilhar do elo que os une.

“’Somos parecidos’, disse ele, ‘como ninguém mais é, como ninguém mais será’. 
A verdade daquilo ecoou dentro de mim. Os similares se atraem.”

A Alina que conhecemos em “Sombra e Ossos” está mudada. Ser a Conjuradora do Sol exige muito dela e, claro, atrai muitos olhares cobiçosos para seu poder. Quando Darkling consegue alcançá-la (porque ele é badass e pode tudo, bj), descobrimos que ele foi atingido de uma forma assustadora pela Dobra. Nichevo’ya,  monstros de sombras altamente destrutivos, estão sob seu poder e Alina não sabe lidar com essa realidade. A pequena ciência é usada por grishas que conseguem manipular matéria, mas o poder de Darkling ultrapassa qualquer tipo poder conhecido. É feitiçaria. É maldição.


Fica claro que os planos de Darkling para Alina ainda não acabaram. O amplificador de Marovoza acaba se mostrando apenas um elemento de um conjunto que, se combinados, pode se transformar em uma fonte de poder insuperável. Junto com a tripulação de Sturmhond, um corsário cheio de mistérios, Alina alcançará mais um elemento para o amplificador, porém, a que preço? 
Depois de uma série de revira-voltas, Alina se vê novamente em Os Altas, a cidade real de Ravka, tentando dar um basta no poderio do Darkling com a ajuda de Nikolai, um príncipe com qualidades (e defeitos)... interessantes e que almeja pelo trono. 
Paralelo a esses eventos, há o fato que Alina é considerada uma santa por uma multidão de peregrinos que a seguem. Muito engenhoso, querida autora. Muito engenhoso. 
Obviamente que a política falará muito alto, mas a fé que move o povo é de arrepiar verdadeiramente. Alina não sabe lidar com nada disso com a placidez que o Darkling lidava, porém a necessidade de ela aprender a fazer isso o mais rápido possível é imprescindível.  



Esse livro é interessante por vários motivos. No começo acontece muita coisa de uma vez só, porém quando Alina chega em Os Altas, a autora parece mudar o foco da aventura para a estratégia. Entendam, Alina se vê no meio de uma competição política na monarquia em um tempo de guerra. É inteligente como Leith Bardugo insere o leitor de forma sutil nos assuntos internos do primeiro e segundo exercito. Estávamos fugindo numa maquina voadora e de repente somos enredados por esses conflitos. O livro fica até em um ritmo mais lento, porém achei necessário para o leitor entender a complexidade política. Alina, que era apenas uma cartógrafa há menos de 1 ano, agora é uma das grishas mais poderosas que se tem noticiais e o preço a pagar pode ser alto.

Repito: a autora foi extremamente inteligente ao dar essa amplitude dos fatos para o leitor; os conflitos políticos, a manipulação da fé do povo e a dificuldade de lidar com uma monarquia incompetente são elementos tão importantes como a guerra com o Darkling e seus Nichevo’ya.
Se a metade do livro é lentamente estratégico, Leigh Bardugo dá um giro em 180° na sua conclusão.  Sério, terminei o livro sem ar!


“Sol e Tormenta” é um ótimo intermediário para a conclusão desse universo. O que acho realmente incrível nessa trilogia é que o bem e o mal não andam separados. Ao contrário, eles se confundem em verdades e equívocos intrínsecos. As razões para a guerra, se analisadas friamente, podem ser justas de ambos os lados, porém não se enganem: o poder é a maior justificativa para alcançar esse domínio.

“’O medo é um aliado poderoso’, ele disse. ‘E leal’."

Mapa do universo de Leigh Bardugo no interior do livro. Adoro mapas! 
Os personagens continuam muito bem trabalhados. Nikolai se mostrou um potencial concorrente para Darkling em meu coração, então ainda não consigo entender a obsessão de Alina por Maly, mas ok. A relação dos dois fica até um pouco piegas em algumas partes, mas nada que me incomodasse ao ponto de largar o livro. Também somos apresentados a Tamar e Tolya, dois grishas rebeldes que nunca fizeram parte do segundo exercito, porém que sabem se defender como ninguém. Fora alguns personagens já conhecidos como David, Zoya e Genya, que nos surpreenderão de formas confusas nesse livro. Alguns nomes e termos apontam que a forte inspiração russa na história também continua presente. 

Quero abraçar para sempre a Editora Gutenberg pelo trabalho na tradução brasileira. Os livros são visualmente lindos (como se a história já não fosse fabulosa). A capa é maravilhosa (na minha humilde opinião), o interior do livro super é bonito, a diagramação é ótima, as páginas são amareladas e grossas, enfim... é um ótimo trabalho.
Eu, como leitora, agradeço.

Estou virando do avesso para saber a conclusão que Leigh Bardugo guardou para seu universo incrível. Bem, guardou não é mais a palavra exata. “Ruin and Rising”, o ultimo livro da trilogia Grisha, lançou recentemente na gringa e bem, quem quiser saber do final, pode me procurar em breve.