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08/11/2014

Mentirosos (E. Lockhart)

"Bem-vindo à bela família Sinclair.
Ninguém é criminoso.
Ninguém é viciado.
Ninguém é um fracasso.
(...)
Não importa se um de nós está desesperadamente, desesperadamente apaixonado.
Tão
apaixonado
que medidas desesperadas
precisam ser tomadas.
Somos Sinclair.
Ninguém é carente.
Ninguém erra."

Assim somos apresentados ao mundo dos poderosos Sinclair pela personagem principal, Cadence (Cady). Assim a autora, E. Lockhart, convida o leitor a mergulhar em uma história repleta de reflexões sobre família, amizade e amor.


A narrativa de Mentirosos (We Were Liars) é em primeira pessoa, sob o ponto de vista da personagem Cadence, que pertence à poderosa família Sinclair, uma família americana rica e tradicional, mas cheia defeitos. Uma das tradições da família é passar as férias de verão da ilha do patricarca, avô de Cady. Nessa ilha, a cada verão, a jovem encontra seus primos Mirren e Johnny, assim como o garoto por quem é apaixonada, Gat. 
Cady denomina seu grupo de Mentirosos. Os mentirosos da família, os que não suportam a forma como todos só se importam com dinheiro, herança e aparências, embora cada um não possa (ou tenha coragem o suficiente) para ir de encontro a essa "sociedade dos Sinclair".

A história começa com Cady contando que ela e a mãe foram abandonadas pelo pai, aos 15 anos da garota. Neste mesmo verão, na ilha, a jovem sofre um acidente que gerou sequelas graves: ela não consegue se lembrar de nada antes da tragédia e, por diversos motivos, todos se recusam a lhe falar o que aconteceu. Os médicos dizem que ela "deve se lembrar por conta própria". 
Aos 17 anos, Cady retorna para a ilha nas férias e reencontra seus preciosos Mentirosos. No decorrer desse verão, a garota percebe que algumas coisas andam diferentes e tenta juntar cada fator e descoberta às suas lembranças fragmentadas para entender o que, de fato, aconteceu no verão dos quinze.

A ilha é enorme e tem várias casas, para o leitor não se perder, o livro vem com um pequeno mapa.
(o que eu achei legal, mas não chequei em nenhum momento da leitura, tava envolvida demais kekeke)



O livro mistura o presente (verão dos dezessete) com o passado (verão dos quinze). A escrita de Lockhart e a forma como organizou os acontecimentos, os sinais, permite ao leitor experimentar um pouco da agonia de Cady em tentar lembrar a tragédia que lhe causou fortes danos. As relações entre os personagens são bem traçadas, de modo que todos foram bem aproveitados. De tudo o que foi explorado, a relação de amizade entre os Mentirosos foi a que mais me marcou.

"Ela vira o barco na direção da praia e de repente eu consigo ver meus Mentirosos esperando (...)
Mirren. Ela é açúcar. Ela é curiosidade e chuva.
Johnny. Ele é estalo. Ele é iniciativa e sarcasmo.
Gat. Ele é contemplação e entusiasmo. Ambição e café forte.
Bem-vinda ao lar, eles estão dizendo. Bem-vinda ao lar."

A leitura me envolveu de tal forma que, quando cheguei à revelação, levei um choque (UM CHOQUE /rola /esperneia), mas agora que paro para pensar... os sinais estavam bem ali, na minha cara. Lockhart estava pisando no meu coração com a verdade o tempo todo e eu não percebia. Fiquei até mal
/cantinho
Brincadeira.
Cada leitor tem seu nível de percepção e, apesar de ter SOFRIDO, gostei de ser surpreendida. O livro causou uma impressão forte para mim.

Mentirosos foi lançado no Brasil pela editora Seguinte (selo jovem da Companhia das Letras), que também lançou outro livro da E. Lockhart (O Histórico Infame de Frankie Landau-Banks), que já quero ler; que já quero que lancem mais coisas dessa autora no Brasil; que já quero... socorro. /MOMENTOS

Gostei bastante do livro, ganhou algumas estrelinhas de bom menino /Kiko.

E quem já leu... o que achou?? Por favor... preciso compartilhar minhas alegrias e dores com alguém /alone.

Até a próxima!



04/11/2014

As Vantagens de Ser Invisível (Stephen Chbosky)

Olá, leitores! 
Depois de um longo e tenebroso inverno, voltamos! 
Hoje trago um livro que me envolveu de uma forma deliciosa. 
Ele tem aquele tom meio melancólico, que deixa um gosto agridoce no leitor. 
Mesmo sendo um livro que já está no mercado há muito tempo, talvez alguém ainda não o conheça.
Então, amigos, venham comigo! 

“As vantagens de ser invisível” é um livro singular de várias maneiras, a começar por sua narrativa. Charlie, nosso protagonista, envia cartas contando sobre sua vida para alguém que o leitor não é apresentado, a quem ele chama de “amigo”.

Através dessas cartas, Charlie nos expõe sua rotina, suas experiências, suas dúvidas, seus medos... É um sentimento crível e palpável ler sobre sua família, seus poucos amigos, seu professor de literatura e os livros que ele indica, enfim, a impressão que ele tem do mundo.

“Você vê as coisas. Você guarda silêncio sobre elas. E você compreende.”

Charlie é um adolescente solitário e diferente. A solidão é bem exposta em suas cartas, mas sua singularidade é perceptível em sua narrativa. E não que ele seja do tipo deprimido ou recluso. Charlie simplesmente é diferente e as pessoas não conseguem encará-lo de forma positiva, então ele não participa. 

Ele é um bom garoto, porém esquisito e bastante emotivo (o moço chora o tempo todo), cujo livro favorito é sempre o ultimo que leu e seu melhor amigo acabou de cometer suicídio. Não é uma perspectiva muito animadora, como se percebe. Então Charlie conhece Patrick e Sam, eles são gentis e esquisitos ao seu próprio modo e com a proximidade, ele começa interagir e participar. 


É interessante visualizar a perspectiva de Charlie justaposto a perspectiva dos outros personagens. Ele parece tão ingênuo, tão cru, porém suas novas experiências vão provocar sensações exclusivas. Seu primeiro amor, seu primeiro baseado, seu primeiro beijo... Charlie nos conta a respeito de sua vida de uma forma realmente única. Suas constatações são simples sobre a vida ou pessoas. 
Simples, fascinantes, engraçadas, tristes e emocionantes. 

“Estou me sentido ótimo! De verdade. Tenho que me lembrar disso da próxima vez em que tiver uma semana ruim. Já aconteceu com você? Já se sentiu mal, depois tudo passar e você não saber por quê? Eu tento me lembrar, quando me sinto ótimo como agora, que haverá outra semana terrível algum dia, então procuro guardar o maior número de detalhes que posso, e assim, na próxima semana terrível, vou poder lembrar esses detalhes e acreditar que vou me sentir bem novamente. Não funciona muito, mas acho muito importante tentar.” 

“As vantagens de ser invisível” é um livro muito bonito que me despertou muitas reflexões e sentimentos bons. Sem falar que está repleto de citações de livros, musicas e poesias. 
Sua adaptação para o cinema também é muito bonita e respeita a obra. O livro não tem um enredo definido ou fatos lineares; são lembranças, anseios e, sobretudo, sentimentos em prosa. 

“... Eu realmente estava ali. E foi o suficiente para que eu me sentisse infinito.”