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22/08/2014

[Especial Gone] Fome

Michael Grant está de volta para pisar em meu coração. Anteriormente expliquei os porquês das angustias que a série Gone me traz. Li várias resenhas exaltando a série de forma que, honestamente, não consigo direcionar.
Sim, os livros são bem escritos, envolventes, tem a pegada sobrenatural que atrai muito, mas o pano de fundo que o autor trabalha é tenso e cruel.
É um paradoxo ambulante, porque ao mesmo tempo em que o livro é fácil, ele é difícil.
Normalmente, termino livros com o nipe da narrativa de Michael Grant em 1 dia. É fácil e fluido. Porém, as situações não me permitiam avançar de forma despreocupada.
Isso pode ser algo totalmente particular, mas não consigo ignorar o fato que quem está passando por dificuldades, segurando armas de fogo de grosso calibre e cometendo atrocidades são crianças com menos de 15 anos.

Em “Fome”, o livro 2 da série “Gone”, três meses se passaram desde o surgimento do LGAR (o isolamento de todos os menores de 15 anos ao redor de uma usina radioativa) e os eventos ocorridos no livro 1. Mas as batalhas estão longe de acabar. Agora a fome assola a cidade de forma voraz. No principio, eles não se atentaram ao fato que a comida poderia acabar e agora estão passando por sérias dificuldades.
Eles precisam se organizar e trabalhar se quiserem sobreviver; mas expliquem isso às crianças de 11 anos.
O interessante do livro é a forma real como o autor trabalha. As reações e atitudes dos personagens são completamente aceitáveis. Seria ingênuo da parte do autor, e do leitor, crer que várias crianças se organizariam e formariam uma comunidade para trabalharem juntos e blá.
Eles estão desesperados e sem saber o que fazer. É uma situação irreal onde poucos conseguem ver, de fato, a seriedade do problema.
Ou seja: instaura-se o caos e o desespero dá lugar à desordem.
A fome é apenas um dos problemas. Começa a surgir uma divisão espontânea: normais x aberrações.
As crianças que continuam normais começam a ver uma ameaça velada nas crianças que adquiriram habilidades. Essa “guerra civil” é apenas um eco de algo infinitamente mais perigoso.
Uma criatura com um poder incrivelmente poderoso quer se libertar. Ela está “com fome no escuro” e usará Lana, Caine e Drake para conseguir se alimentar a qualquer custo.

Michael Grant mistura de forma genial fantasia com realidade para envolver o leitor.
Fantasia no que diz respeito aos poderes das crianças e ao terror das criaturas impossíveis, porém reais no quesito posturas e atitudes frente à dificuldade.

“Não sou o pai de todo mundo. Você já parou para pensar no que as pessoas estão me pedindo? Sabe o que elas querem que eu faça? Sabe? Querem que eu mate meu irmão para que as luzes voltem. Querem que eu mate crianças! Que eu mate Drake. Que mate Diana. Que faça com que nossas crianças sejam mortas. É o que elas pedem. Por que não, Sam? Por que não está fazendo o que tem de fazer, Sam? (...) Ah, meu Deus, Astrid. Todas essas coisas na minha cabeça. Não consigo me livrar delas. É como se um animal imundo estivesse dentro da minha cabeça e eu nunca, nunca vou me livrar dele. Isso me faz sentir muito mal. É nojento. Quero vomitar. Quero morrer. Quero que alguém me dê um tiro na cabeça para eu não ter de pensar em tudo.” 


Esse livro é incrível, de várias maneiras. Ele expõe tudo que deve ser exposto e dá um toque fantástico para os leitores se distraírem do real terror que é estar sozinho com seus medos.
Ainda não sabemos o que é o LGAR. Não sabemos onde estão os adultos e para onde vão as crianças que sofrem o puf. A série está cheia de perguntas sem respostas mas, sem dúvida, ainda há muito terror pela frente.
A narrativa é em terceira pessoa e há várias perspectivas! O leitor vislumbra o desespero de todos os ângulos.
A série “Gone” me incomoda porque bate na barreira do real. Por esse e outros motivos, ela é incrível.


18/08/2014

[Especial] Gone: O Mundo Termina Aqui

Imaginem um mundo onde todos os maiores de 15 anos somem – puf – do nada. Agora imaginem a loucura e a apreensão que isso causaria nos menores de 14 anos. 
Acho que se tem uma palavra para resumir esse livro é: aflição. 

“A única coisa que devemos temer é o próprio medo”. 
De fato. 

Michael Grant criou esse universo e jogou no colo dos leitores todo tipo de agonia que se pode imaginar. 
Crianças tendo que lidar com toda espécie de problemas. E as criancinhas da creche? E as de colo que ficaram em casa sem ninguém? Esse livro é cruel porque ele é cru. Crianças morrem, sim, por descuido, irresponsabilidade, acidentes... ou não.
Portanto, elas precisam assumir responsabilidades de adultos e mais: lidar com coisas irreais. 

Praia Perdida deu lugar ao LGAR – Lugar da galera da área radioativa – onde todo o pesadelo se apresenta. 
Porém, antes do sumiço de todos os adultos, já acontecia algo estranho naquele lugar. 
Sam fazia coisas impossíveis. E depois que o LGAR tomou forma, ficou nítido que ele não era o único. A área que eles vivem é de fato radioativa, porém eles não sabem se isso tem haver com o sumiço repentino dos adultos e com as novas habilidades em algumas crianças.
Sam, Astrid, Quinn, Edilio e Lanna serão algumas das vidas de vital importância para a história. 
Sam é considerado o líder daquelas crianças; não que ele tivesse escolha. 
A responsabilidade pesa e, honestamente, ele não tem a obrigação de fazer nada. Ele também tem medo, também sente desespero. 
Suas escolhas fazem dele uma pessoa confiável e tudo que aquelas crianças precisam é de confiança. E isso é injusto com Sam, afinal ele também está passando por essa situação e, droga, ele também quer confiança.

O autor levanta várias teorias sobre os motivos do surgimento do LGAR, e gostei do que ele sugeriu primeiramente. Seria bobagem ignorar o obvio. Afinal, qual a primeira coisa que vocês pensariam? 


“- O que a gente fez? – perguntou Quinn. – É isso que não entendo. O que a gente fez para deixar Deus tão puto? (...) Quero dizer, a gente fez alguma coisa para merecer isso, certo? Deus não faz coisas assim sem motivo.
- Não acho que tenha sido Deus.”


(Sério, as teoria são bem legais. Vão de Deus à universos paralelos à hackers do universo, etc. O autor é bem genioso. E malvado. Argh.)

É uma agonia do começo ao fim. Logo que os adultos somem, eles não tem noção de nada. Levam na brincadeira. Acham que há um porquê e que eles voltarão em breve. Esperam uma ajuda que não vem.  
Logo começam a se formar os grupinhos. Logo as coisas começam a ficar perigosas. 
Um grupo de alunos de um colégio interno chamado Coates se juntam a eles... para ajudar? 
Mesmo entre crianças há crueldades sem limites.
O medo nos leva a fazer coisas inenarráveis, amigos, e Michael Grant trabalhou isso muito bem. 

“Gone” é um livro conflitante. Inteligente e cruel, cruel. 
São várias questões em dúvidas. O que criou o LGAR? Por que só maiores de 14 anos sumiram? O que acontece com quem faz 15 anos dentro do LGAR?
São levantadas várias teorias sobre os porquês, porém pouca coisa foi explicada no livro 1. Estamos (personagens e leitor) todos perdidos e procurando por respostas.


“Gone” é o livro 1 de uma série de 6 livros, e que no Brasil são lançados pela editora Galera Record.
É uma leitura muito interessante e... dolorosa. 
Quem tiver estômago, que venha. 





06/08/2014

A Evolução de Mara Dyer (Michelle Hodkin)

Dando continuidade ao primeiro livro da série (A Desconstrução de Mara Dyer), que por sinal terminou em um momento impactante OH MY FUCKING GOD, PRECISO DO LIVRO DOIS PRA ONTEM, TOMA MEU DINHEIRO, TOMA MINHA VIDA; A Evolução de Mara Dyer já começa socando o leitor, contestando o fato final do primeiro livro (a gente pensa: isso realmente aconteceu ou é loucura da cabeça da Mara?) e apresentando novas informações que servirão de alicerce para mais um mistério a ser desvendado, não bastando todos do primeiro livro, claro... a Michelle deve ter pensado: quer mais? ENTÃO TOMA.

No livro dois, Mara está convencida de que alguém do seu ~~passado obscuro~~ retornou, porém somente ela acredita nisso e, devido a uma crise histérica que a garota teve, ela é obrigada a fazer tratamento do tipo não-residente na ""clínica"" Horizontes, onde ela precisa conviver com vários outros jovens e seus distúrbios, incluindo uma garota psicótica de dar medo e que faz coisas super estranhas para  a Mara. O ponto positivo é que ela reencontra um amigo de escola, Jamie.

Se você acha que coisas ruins aconteceram com a Mara no primeiro livro... podem ter certeza que nesse acontecem coisas piores, a garota não tem UM MOMENTO DE PAZ, e se não fosse nosso gatíssimo Noah (que desempenha um papel muito importante nos mistérios do livro).. Mara já teria ficado completamente biruta. Por sinal, a tensão sexual entre Mara e Noah está ainda mais forte nesse livro, os diálogos então... [NOAH DIZENDO PARA A MARA QUE QUER FAZER ELA GRITAR O NOME DELE NA CAMA, PODE ISSO, PRODUÇÃO? PODE..]

Paralelo a isso, Mara - além das suas visões e demais momentos de loucura - começa a ter sonhos que, com o passar do tempo, vamos percebendo que o teor dos sonhos está intrincado a "peculiaridade" da Mara e TARÃÃÃÃÃ... do Noah. Aparentemente... as famílias dos dois possuem uma ligação anterior ao nascimento deles.

Mas não se engane, o romancezinho dos dois é só pra quebrar um pouco o clima tenso, porque é porrada atrás de porrada. Terminei esse livro me sentindo UM CACO... mas a escrita da Michelle é tão fluida e a história em si é tão viciante... que li A Evolução de Mara Dyer em uma "sentada" só. E o final desse livro é... [PROCURANDO UMA PALAVRA ADEQUADA PARA EXPRESSAR MEUS SENTIMENTOS: 404 ERROR NOT FOUND]

Nem preciso dizer que estou LOUCA para ler o terceiro livro que, infelizmente, ainda não foi lançado nem nos EUA [LÁGRIMAS], mas, pelo andar da carruagem, presumo que a Michelle vai detonar!!


Recomendo fortemente a série Mara Dyer, mas deixo claro: muita coisa ruim acontece, você vai sofrer, o final de tudo provavelmente não será feliz, então... por sua conta e risco.

Para fechar: Já disse que eu AMO as capas dessa série? Graças aos céus mantiveram o mesmo padrão para as edições brasileiras (obrigada, Galera Record!), o livro é lindo (e a diagramação é boa).


Quem tem acompanhado a série: o que acharam do segundo livro? O que esperar do terceiro??

Até a próxima, pessoal :D