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17/02/2014

Jane Eyre (Charlotte Brontë)

Minha edição 
Sou grande admiradora dos clássicos ingleses que li. Adoro essas prosas que respiram refinamento e polidez. Depois de muito ler Jane Austen, achei que não me surpreenderia por uma heroína forte e independente; estava enganada. "Jane Eyre" é um espelho para a força feminina, e não esqueça que estou falando do século XIX, onde essas proezas eram raras. 
“Jane Eyre” foi publicado em 1847 e Charlotte Brontë criou uma história fantástica, com muitos dramas e muito romance. E o que mais valorizei: nada muito "água com açúcar". 
A autora aborda temas como: loucura, violência, rancor e amor, com um cunho realista, e nos faz pisar em terrenos possíveis; e isso me cativa muito. Me agrada ler e pensar que eu poderia ter aquela reação se passasse por tal situação. Podemos visualizar a história de Charlotte Brontë por uma perspectiva bem palpável. 

A narrativa é em primeira pessoa e começa com Jane Eyre relatando sua infância. Após perder os pais, ela fica a mercê de sua tia e primos que são extremamente duros e deixam claro que ela não é bem vinda. Gateshead Hall nunca foi um lar para Jane e após certas situações, sua tia a manda para um colégio que recebe meninas carentes, chamado Lowood. Sua vida é cheia de privações, mas ela se sente um pouco mais agradável do que na casa da tia.
Já tirando a infância de Jane como base, o leitor percebe que essa menina feia, magra e pequena é singularmente superior. Após passar seu tempo como aluna na escola, Jane leciona por dois anos, mas seu espírito inquieto anseia por mais. E é o que ela vai atrás.

Edição em Inglês que encontramos na livraria 
Quando Jane consegue um emprego como preceptora de uma pequena francesinha, chamada Adèle, em Thornfield, sua vida começa a mudar, pois seu estranho patrão, o Sr Rochester, mostra à ela novos horizontes. Por enquanto, sua relação é puramente empregada-patrão, mas o Sr Rochester percebe o espírito superior de Jane, e a mantém sempre por perto para entretê-lo. É interessante a perspectiva de Jane Eyre à respeito do Sr Rochester, pois mesmo admitindo que ele é um homem feio e de feições duras, ele a atrai.
Os diálogos deles são inteligentes e divertidíssimos, cheios de farpas mútuas. Jane já sente algo que ela julga ser impróprio por seu patrão, mas quem pode julga-la? O Sr Rochester um é homem muito interessante.
Após uma temporada de visita de alguns amigos do Sr Rochester em Thornfield, onde a bela Srta Igram parece ser o centro das atenções, Jane percebe verdadeiramente que está em apuros em relação aos seus sentimentos. Ela luta consigo internamente, mas consegue manter uma faixada calma e uma postura respeitosa. Devo dizer que seus monólogos são extraordinários.


“Denunciada em meu próprio tribunal (...) a Razão tendo apresentado para contar, à sua moda calma, uma história trivial e despojada, mostrando como rejeitara o real e rapidamente devorara o ideal -; pronunciei a sentença no seguinte teor:
Que jamais existira uma pessoa mais tola do que Jane Eyre - que uma idiota mais fantástica jamais se fartara de doces mentiras, engolindo veneno como se fosse néctar." 


Edição de Jujubs
Acontece que o Sr Rochester também já está entregue à singularidade de Jane, mas ele não é desses que perde a oportunidade de ser sarcástico, e a tal declaração de amor, a qual Sr Rochester foi cruel no começo e lindamente intenso em seu climax, me fez chorar muito. Sério.
Seria maravilhoso se esses fatos não fosses apenas pela metade do livro. Como os dramas de Jane Eyre não tem limites, acontecerão fatos surpreendentes que mudarão os bons caminhos da felicidade. (E que me tiraram ainda mais lágrimas.)

Charlotte Brontë foi fundo nos dramas humanos e criou Jane Eyre com uma percepção de mundo impressionante. Os personagens profundos, humanos e fascinantes dessa história são daqueles que marcam o leitor. A obra tem grande influencia na vida da autora, pois certas semelhanças de sua realidade nesta ficção não passam despercebidas.
A obra de Charlotte Brontë inspirou várias adaptações; séries, filmes e releituras contemporâneas dão vida às desventuras de nossa heroína. Algumas realmente muito bem feitas que fazem jus ao livro.
Mesmo que sua irmã, Emily, que é autora de "O morro dos ventos uivantes", seja as mais famosas das Brontë, Charlotte não deixa a desejar em momento algum em sua história, narrativa e personagens. (Preciso conhecer Anne para argumentar sobre talentos familiares.)
"Jane Eyre" é uma leitura deliciosa e maravilhosa que dá aquela sensação de perda quando termina. Uma obra prima que faz rir e chorar onde Charlotte Brontë, com sua escrita primorosa, invade o coração do leitor e deixa sua marca permanentemente.
E vou constar: Todo ser humano que respira deve ler essa obra.




7 comentários:

  1. Eu demorei anos pra ler esse livro porque sabia que ele merecia atenção, amor e respeito e não me arrependi. Jane Eyre não é só um livro, é um retrato, é um diário da mente de uma mulher que vivia dentro de uma sociedade tão cheia de regras e denegria tanto a figura feminina, sempre relegada a esposa e mão e nunca ser pensante... O desejo de Jane por liberdade e a indignação dela por não poder se movimentar e se manifestar como os homens parece tão pequena pra gente hoje...mas era tão grandioso pra época dela... Eu fico imaginando se era dessa forma que Charlotte se sentia...aprisionada.
    Particularmente, acho que o livro dela tem mais relevância do que o da Emily pra figura feminina, por isso se tornou meu favorito dessa época... acho que até mais do que Pride and Prejudice. Austen ainda encontrava príncipes perfeitos para salvarem suas heroínas da pobreza, enquanto em Jane Eyre, ela se bastava pra própria felicidade.

    beijooooos

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    1. Blair Boo, tu é tão inteligente e diva, olha.
      "Jane Eyre" mexeu comigo de várias maneiras (beijo, mr. Rochester) porém os questionamentos e posições da personagem são incríveis. Cara, é um livro antigo onde os tabus eram de ferro e percebemos o quando Jane Eyre era a frente do seu tempo. Imagino essas autoras clássicas numa conversa, sabe. O quando de críticas inteligentes surgiriam de um simples chá da tarde.
      Sou apaixonada por elas. Charlotte Brontë me inspirou verdadeiramente com essa obra e afirmo sem medo: é um dos meus livros favoritos!
      É lindo saber que (em meio a tantos surtos!) tu compartilha até essa paixão comigo.
      Espero tomar um café contigo um dia para falarmos sem parar sobre nossas divas.
      Beijos!

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  2. Oiee, vim visitar e seguindo =)
    Nossa, eu sou louca por esse livro, pelo filme, essa estória me emocionou de forma profunda, que ainda lembro mesmo fazendo anos que o li.
    Ainda não li O Morro Uivantes, consegui ele esses dias.
    Mas, voltando a esse, nossa que livro mais lindo, eu ainda não tenho e preciso dele, voltarei a reler em breve.
    Beliscões da Máh <3
    Blog

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    1. Olá Maria! Obrigada pela visita e comentário.
      Nossa, tu começou fora dos padrões então. A obra Brontë mais conhecida é "O morro dos ventos uivantes" e só descobri Charlotte e "Jane Eyre" depois de ler umas informações sobre a vida de Emily Brontë.
      Esse ano reli com algumas amigas e foi uma nova sensação, mas também maravilhosa como foi a primeira leitura. Parece que os livros se renovam, né?
      "...ventos uivantes" também é incrível e recomendo muito a leitura.
      Essas irmãs são incríveis! haha
      Beijos, querida!

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  3. UAU, gostei muito da sua resenha e já fiquei bastante curiosa pra ler. Tenho curiosidade pra ler alguma coisa de Jane Austen, vi o filme "Orgulho e Preconceito" várias vezes, e é tão lindo! O livro deve ser melhor, né? Acho que gosto de romances de época, rs. Mas enfim, respondendo ao seu comentário no meu blog: é a terceira indicação que fazem desse canal O Batom de Clarice, acho que agora fiquei muito mais curiosa, haha. Tipo, os vídeos do Cabine Literária que eu mais tenho assistido são os Literanews e os vídeos em que eles fazem Tags Literárias, que aproveito e pego pra fazer também, rs.

    Beijos,
    Paulinha.

    http://envoltaempalavras.blogspot.com.br

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    1. Olá, Ana!
      Leia Jane Austen, sim. Ela é maravilhosa.
      Essa obra é de outra conterrânea dela, Charlotte Brontë, que também é maravilhosa.
      A gente lê clássicos dessa estirpe e percebe que os questionamentos do passado são os nossos questionamentos. Espero que te delicies na leitura.
      Beijo.

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  4. Você pode me dizer por favor onde encontrou esse exemplar de Jane Eyre pela editora paz e terra? não consigo achá-la em lugar nenhum e eu queria muito essa edição. Onde você comprou? obrigada

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