Páginas

20/02/2014

[Manias de Leitor] O porquê de não produzir resenhas

As más ideias nunca chegam desacompanhadas
Zafón, Carlos Ruiz

Quando falam em blog, vlog ou podcast literário, já nos vem à cabeça inúmeros exemplos maravilhosos e só isso já seria pauta para horas de conversa agradável, mas o inverso também é verdadeiro. Um vendaval de canais foram formados recentemente, e como tudo na vida [como diria mamãe] tem os bons e os péssimos rondando por aí. O problema é que esse boom de gente falando a mesma coisa [só mudando de trás pra frente e de frente pra trás] acaba saturando toda e qualquer pessoas que deseje bons lugares para indicações ou para surtos de qualquer espécie que seja. Já vi inúmeras discussões sobre “quem tem cacife para falar de literatura” e até isso já está batido. Qualquer um, quanto leitor, pode e deve expressar sua opinião sobre o que leu ou deixou de ler e o porquê. Liberdade de expressão meus queridos, o direito máximo de todos os seres viventes desse país.
liberdade de expressão

Sou grande consumidora de conteúdo sobre literatura, nas diferentes fontes em que se apresentem, desde que seja agradável e compatível com o que costumo ler/gostar/desejar, por isso trato/opino sobre esses temas como fã assídua e não como formadora desse conteúdo. Em suma, muito antes de vir falar sobre os livros que gostei ou desgostei já garimpava sobre isso nas mídias.

Mas e daí que estão de mimimi por conteúdo desagradável na blogosfera, Lilian? Isso não tem em qualquer lugar? – Eu me pergunto e logo em seguida respondo e explico.

Sim, só que essas discussões desnecessárias tem tido um efeito devastador na minha capacidade de julgamento de um livro, não pra reflexão e prazer na leitura, mas na capacidade de expressar isso de forma clara e sem ser mais do mesmo.

E daí que vem um cara muito phoda e, com jeitinho, me diz como não falar asneiras e chamar isso de resenha, ensina algumas técnicas e ~como se explicasse à uma criança abobalhada diante do bolo de 3 anos, na hora do parabéns, como se apaga a velinha~ me mostra que posso até vir a ter cacife para chamar de opinião válida o que escrevo, mas o caminho é bem mais longo [bitch].

Então/portanto/finalmente, não se trata de um adeus e não postarei mais por aqui. Não desistirei (jamais!) do meu prazer maior que é a leitura e tudo que ela me traz, mas chamarei de “opinião sincera”, ou ainda “meus achismos”, e vou tentando expressar da forma mais clara possível aquilo que achei dos livros que passaram por mim.
i'm free
Não que vá conseguir em todos os casos, porque esse é o segundo ponto indiscutível do post: alguns livros se encontram muitos milhares de quilômetros acima da minha capacidade de explicar o que senti ao lê-los, deveriam antes serem canonizados e dedicados à algum local de adoração [beijos Zafón, querido]. Esperem de mim a mais límpida sinceridade, mas não ordem e método – como diria Poirot, da adorada Agatha Christie – ou mesmo coerência. A vida é assim, bem vindos ao Nem Te Conto.

Existe muita gente com talento e garra e muitos não chegam a lugar algum. Isso é o começo para se fazer qualquer coisa na vida.
O talento natural é como a força de um atleta. Alguém pode nascer com maior ou menor capacidade, mas ninguém chega a ser um atleta porque nasceu alto, forte ou rápido. O que faz o atleta, ou o artista, é o trabalho, o domínio do ofício e a técnica. A inteligência inata é simplesmente munição.
Zafón, Carlos Ruiz


12 comentários:

  1. Sabe, Lilian, tive que ler teu post 8376486428513 de vezes para articular um comentário digno e: que foda, hein.
    O que mais me animou em fazer parte desse blog e da tua ideia (obrigada pelo convite <3) é que poderíamos expressar nossas opiniões sem reservas. Isso é importante pra mim.
    Resumido o assunto à livros: sou leitora das mais diversas vertentes e nem sempre sou compreendida (nossa, por que tu lê isso?! mimimi). Confesso que o impeto de pular no pescoço de algumas pessoas é forte quando a crítica é de quem não tem propriedade para falar do assunto. Aí podemos visualizar perfeitamente o que tu expôs: a mídia (no caso blogs, vlogs e panz) nos influenciam, mesmo que indiretamente. Eu mesma sou influenciada, mas diria que de forma positiva.
    Por que sou especial? Porque quando o post/resenha/podcast é empolgado, sou empolgada por associação!
    Quanto mais animado e fangirl o post é, mais curiosa fico!
    O inverso curiosamente não acontece. Quando o post é negativo, fico curiosa do tipo "por que fulano não gostou do livro? Preciso saber!" Aí vou lá e tiro minhas próprias conclusões!
    Entende? O importante é ter contato. É ter opinião com propriedade. Não sermos simples reproduções do que vemos ou ouvimos (já não basta a sociedade nos obrigar a viver assim?). Temos que ter cuidado, principalmente quando vamos criticar algo negativamente.
    Não sou uma expert em resenha, mas sempre posto meus argumentos nas minhas. Se a pessoa vai, ou não, concordar já é com ela, mas eu gosto de fazer minha colocação e expôr o porque do livro ser incrível e "MUNDO, LEIA ESSE LIVRO PORQUE ELE É MARAVILHOSO, VOCÊS PRECISAM NA VIDA!"
    Sou fangirl, cês sabem.
    Quando não curto muito o livro, nem costumo resenhar. Não porque quero só expôr coisa positiva, mas vejo resenha como sugestão de felicidade. Ou seja, quero falar sobre um livro que gostei e acho que as pessoas vão gostar e virar fangirls/boys e seremos companheiros da fandom e amigas (os) forever! haha
    Aí entra a outra questão do teu post e também legal: os livros dos quais não conseguimos falar.
    TIPO, EU NÃO CONSIGO RESENHAR ZAFÓN. Simples. Eu amo o homem! Ele é incrível, mas acho que meus porques ficariam desconexos e se misturariam com os "PORQUE SIMPLESMENTE TU PRECISA LER, AMG." hahahah
    O que dizer de livros que nos tiram a capacidade de colocar para fora? Algumas coisas são simplesmente inenarráveis, fazer o quê?
    Nossa, teu post dá uma margem maravilhosa para discussão.
    CADÊ OS RIOS DE COMENTÁRIOS AQUI?
    Acho que tu atingiu o ápice, minha cara. Algumas pessoas não devem encontrar palavras para expôr no teu post porque ele está: incrível.
    Parabéns e obrigada!
    Beijos.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Fê ^^ Fiquei tão imensamente feliz com o teu ~gigantesco~ comentário, que precisei ficar pensando nele [e o amando] pra poder vir conversar rs
      Acho que o mais phodástico em ser aberta às diferentes leituras, além de conhecer de tudo e aproveitar as maravilhas que se encontra nos diferentes gêneros, é ter a tal da propriedade pra gostar e desgostar do que der na telha e poder encher o peito pra dizer "eu li e achei uma porcaria/maravilha". E acho mesmo que és uma abençoada por não se deixar contaminar por maus "achismos", porque eu fico sim com um biquinho para um livro, se alguém com a opinião que eu confie, disser que ele não é bom. Mas o inverso é verdadeiro (amém). Por vezes, esses mimimis acabam minando a vontade de uma criatura (euzinha) em ler ou conhecer, mas acho que tu tá sendo exemplo de como agir nesse sentido.

      Mas óh, acho válido falar dos livros que gostamos e deixar pra lá os muitos ruins ou desagradáveis, mas isso não acaba sendo complicado a longo prazo? Porque 1. é difícil fugir de livros que não gostamos de alguma forma, eles sempre vão estar ali na prateleira com alguma capa linda que nos iludirá; e 2. Você meio que se torna um foco de opinião, e é injusto não dizer o que achou... eu mesma te procuro pra saber se alguma leitura que saiba que acabaste recentemente foi agradável ou não. Aí acho impostante manter o respeito pela obra e seu autor, mas opinar sim.

      Sobre livros que não conseguimos opinar de tão lindos? Como dizer? Injustiça no mundo não ter palavras para o Zafón <3

      Bjos.

      Excluir
  2. Nossa, acreditas que eu já pensei sobre isso de estabelecer o rótulo "resenha" para escrever críticas? Digo, eu tão bom ter liberdade de escrever o que quiser e na hora que quiser. Eu tive a experiência de ter uma parceria com a Intrínseca no ano passado e caramba, o que fazer quando a gente não gosta do livro e não quer de jeito nenhum resenhar a obra? Sentar e chorar. Eu decidi então que eu deixaria a parceria acabar e que eu não me atreveria nunca mais a fazer parceria com nenhuma editora. Lerei o que eu quiser, quando eu quiser e expressarei minha opinião se eu quiser. Como falaste, tem livros intensos demais pras nossas cabecinhas conseguirem condensar em cinco ou seis parágrafos, pra esses a gente deixa tudo subentendido mesmo.

    Enfim, adorei o post!

    Um cheiro.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. "Eu decidi então que eu deixaria a parceria acabar e que eu não me atreveria nunca mais a fazer parceria com nenhuma editora. Lerei o que eu quiser, quando eu quiser e expressarei minha opinião se eu quiser"
      Mas rapaz... esse é um dos meus mantras de vida, muito bem colocado!

      Excluir
    2. Oi Elderzito :)

      Mas Mas Mas, sobre as parcerias acho que a sinceridade é a melhor arma pra tudo (serve pra vida). Se te procuraram pra saber tua opinião, querem saber o que tu achou de um livro e pronto. Mas se te procuraram pra receber elogios, aí o negócio fica estreito. Nesses casos o melhor é dizer porquê e o quanto não gostou. rs. Acredito que o respeito com que se diz vai sanar a dor ^^

      Agooooooooooora, sobre aqueles livros que não há palavras pra expressar o quanto mexeu com alguma coisa em nós, aí ferrou mesmo O.O O negócio é bater na sinceridade e dar uma de fã desesperado mesmo hehe xD

      Obrigada por vir e fofocar com a gente :*

      Excluir
  3. Gostei bastante do post e gostaria de acrescentar umas coisas.
    Na minha humilde opinião, existe uma diferença abissal entre o livro bom e o livro bem escrito. Acredito que para dizer se um livro é bom ou ruim, qualquer pessoa que o tenha lido está apta. Claro, essa opinião só vai ser verdadeira para a própria pessoa e para as pessoas que concordarem com ela. Por isso é muito errado censurar qualquer um por gostar de uma história, qualquer que seja. Isso é algo completamente subjetivo. AGORA, dizer que um livro é bem escrito, depende de todo um conhecimento relacionado a redação, coesão, qualidade textual, organização e outras modalidades. Nesse caso existem diversas regras e acho que, aí sim, valem as discussões.
    Por causa desses dois pensamentos eu prego que as pessoas sejam mais honestas consigo mesmas. Eu, por exemplo, li o livro da Natália Penas (A Cruz de Jenuário) e adorei, apesar de reconhecer, que, sim, o livro é ruim!
    O grande problema que eu vejo hoje nas resenhas é que o povo quer ser absoluto: se eu gostei o livro é bom, se eu não gostei o livro é ruim. Na verdade nem sempre as coisas que a gente gosta são obras primas, mas a verdade é que quase ninguém quer admitir isso.
    A consciência coletiva, as vezes também é um problema. Por exemplo, eu não curti o Hobbit, mas se algum dia eu fizer uma resenha explicando porque eu não gostei, vai chover gente me ameaçando de morte.
    Enfim, o que dá pra concluir é que leitores podem ser mais ferozes que fãs de bandas de rock, quando querem defender suas obras preferidas.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Victor, somos ferozes e xiitas!!!!! HAHAHHAAHA
      Eu compreendi o que tu expôs e estás certo. Certíssimo. Sem mácula.
      Porém, para o fanatismo não há lados. Há apenas um lado: O LIVRO QUE GOSTO É FODAAAA!
      HAHAHAHAHAHHHA <3
      PS: Cara, tu não gostou de O Hobbit? POR QUÊ?????? Quero ter uma conversa séria contigo sobre isso. Rum. Ê.

      Excluir
    2. Me expressei mal. Eu gostei do Hobbit, só não gostei tanto assim. Ainda prefiro As Crônicas de Nárnia.

      Excluir
    3. Oi Victor :)
      Só quero te dizer que se não gostastes de O Hobbit não és digno de adentrar na nossa morada xD HAHAHAHAHAHA Comecei bem?!? Não, pera. HAHAHA

      Livros bem escritos podem ser detestáveis e livros bom podem ser mal escritos, nisso concordamos?!? Acho só que é uma opinião de respeitar a opinião do outro e entrar em um consenso entre as partes.
      Tenho o direito, inclusive, de não gostar de um livro a ponto de não querer ler, mas preciso ser honesto a ponto de dizer que escolhi não ler porque não gostei de algo referente à ele e não, simplesmente, dizer que o livro é ruim.
      Acho que nenhum de nós tem bagagem pra resenhar um livro de fato, mas o que se espera de nós não é isso, no final das contas... o que querem é a opinião sincera e fundamentada (assim espero, pelo menos).

      Teu comentário me fez pensar, olha :)

      Obrigada pela visita :*

      Excluir
  4. Olá Lílian!
    (esse teu post foi supremo! Excelente mesmo! Tive que ler mais de uma vez e a minha cabeça ainda tá embaralhada, eu provavelmente vou me enrolar demais pra comentar, mas vamos lá)

    A forma como o blogueiro/vlogueiro expõe sua opinião é um diferencial muito importante. Assim como a Fernanda, gosto bastante de posts empolgados e surtantes rsrs além de dar aquela animada, dá pra “”sentir””” melhor o blogueiro, sei lá... sinto uma aproximação melhor com a pessoa que está por trás daquele blog e isso me agrada bastante.

    O que me incomoda MUITO é a insistência das pessoas em se prenderem em rótulos, a maior prova disso é a tão falada “resenha”, quantas e quantas “”””” resenhas””””” vemos pela blogfera e nem metade dos textos segue, de fato, a estrutura correta de uma resenha (por isso que eu insisto: meus textos NÃO SÃO RESENHAS hsuahsuahu). Tipo... a pessoa escreve qualquer coisa e já fica “resenha disso, resenha daquilo”, nooooossa como isso me incomoda!! Infelizmente a blogsfera está cheia dessas “”””””resenhas””””””.

    Obs: Aliás, muito bem colocado o link pro excelente post do Elder!

    Outra coisa que me incomoda muito e afeta o maus julgamento sobre livros é a ~~mesmice de conteúdo~~, tipo... eu fico bastante desmotivada ao acessar vários blogs/vlogs e me deparar quase sempre com os meeeeeeesmos livros. E aí batemos naquela tecla da parceria. Não me entenda mal, não sou contra parceria com editoras, pelo contrário, se eu tivesse uma editora adoraria fazer parcerias com blogs, a coisa só fica chata quando aquele blog/vlog só sabe viver de livro de parceria, aí não tem condições... Me desagrada bastante a sensação de saber que aquele livro foi lido por ser de parceria e não unicamente por vontade e iniciativa do blogueiro (claro que nem todos os casos são assim).
    (Ok, divaguei totalmente no assunto, mas as ideias foram jorrando, não pude evitar hsuahsuah)
    Tenho um sério problema para escrever, muito mesmo! Escrever um bom texto requer bastante disciplina e compromisso, porque meu amigo... ter que escrever sobre algo quando não se está com a mínima vontade é terrível. Tanto é que todos os blogs que tentei ter na vida sempre acabaram ficando jogados às traças. Estou até surpresa com a minha ~~produção~~ no NTC LOL

    Vocês tem dificuldades para escrever sobre determinadas coisas e autores (pelos motivos que você citou)... imagine eu que já tenho essa dificuldade naturalmente pra qualquer coisa hsuahsuahu Enfim, gosto de ter liberdade pra escrever, sem me prender a rótulos e estruturas, não tenho pretensão de ser formadora de opinião, se o leitor se interessar por algo a partir do que eu escrevi, já venci na vida (EEEEEEEEEEE). Gosto de postagens diferentes e pessoais, então busco ser assim nas minhas :)

    Enfim, escrevi muita besteira? LOL
    Parabéns pelo post, perfeitooo!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ai Jubs ^^

      Se soubesse que tu só me deixa é feliz com teus comentários ^^ Eles esbanjam sinceridade u.u E essa, eu acredito, é a melhor parte do NTC. Falamos do que gostamos e do que queremos!!
      Mas sabes que acho que com esse tal boom de blogs as coisas acabaram se invertendo um pouco?!? Quer dizer, se alguém te procura pra saber a tua opinião isso não deveria ser visto como demérito. Pensa bem, só querem saber a tua opinião, oras. Mas o pessoal começou a fazer um show de mais do mesmo e acabou que perdeu um pouco do respeito por essas opiniões. Acredito que daí que acabaram formando essa aversão à parceria.
      Mas com a obrigatoriedade já acho que são outros 500. Eu lido bem com a necessidade de fazer alguma coisa com tempo marcado, mas com a pressão por resultado já fico angustiada HEHEHE pode parecer a mesma coisa, mas na minha cabecinha tem separação rsrs
      Se eu tiver que falar de um livro, pode ser que não saia tão bom, mas vou dar minha opinião sincera, mas se tiver que só falar coisas boas... aí não sai nada nunca, trava mesmo.

      O povo confunde crítica literária com opinião... mas tenho fé que isso muda ^^ (não que vá deixar de existir gente querendo jogar mais lenha na fogueira e piorar as coisas... gente ruim tem em todo lugar), mas estão começando a ver a importância e a força que o povo tem nas redes sociais... \o/

      Eu que divaguei legal agora HAHAHA
      Enfim, obrigada mesmo pelo comentário :) tua opinião é mega importante e comentários enormes são super bem vindos ^^ rs
      Um cheiro.

      Excluir