[Curtas] Opinião sobre O Oceano no Fim do Caminho - Neil Gaiman

Gosto de boas indicações. Gosto de indicações de bons livros. Gosto de ler livros indicados.

Não gosto de me decepcionar com boas indicações. Não gosto de me decepcionar com livros. Não gosto de frustrar expectativas literárias.

Quem nunca ouviu/leu sobre Neil Gaiman. Quem? Quem? Quem? E quando se ouviu dizer – nesse mundão de Deus – que Neil Gaiman escreve livros ruins? Nunca, certamente.

Fiquei impressionada – negativamente – com a leitura do último romance publicado por Gaiman, o cara mais bambambam de todos (entendam que eu estou me sentindo, tipo, uma criatura que não goste de Martin ou Harry Potter ou algo que seja minimamente significativo para a maioria das pessoas no mundo, possuidoras de gosto semelhante ao meu). Tô em crise.

Na verdade, a explicação é simples: o livro é podremente bem escrito; o cara tem mesmo uma capacidade de ser engraçado e sombrio e muito inteligente na mesma frase; a história é interessante e bem bolada; o livro é lindo graficamente; e o título é… ele é!  MAS eu não gostei nem um pouco da leitura.

É uma história curta e cheia de efeitos fantásticos significativos, de quando um senhor em idade avançada volta à um lugar especial de sua infância e começa a lembrar do que aconteceu naquela fazenda rústica que ficava há um quilômetro da sua casa, no fim da rua, quando ele tinha apenas sete anos. Com pouquinho mais de 200 páginas, não tem como se apegar demais com a história, mas não ficam amarras soltas.

Acredito que minha paranóia toda foi não ter amado o livro como merecia. Minha classificação atual para saber se gostei ou não de um livro é o quanto gostaria de reler a história, mantendo a escala comumente usada de um a cinco pontos. Se não quero reler um livro e não me faria falta não revisitar a história e seus personagens, significa que não gostei mesmo. Foi o caso, imaginem o sofrimento.

Não senti empatia e nem quis conhecer mais a história do garoto/senhor-narrador, acho que foi isso. O mundo e suas criaturas, criado por Gaiman, são tão interessantes e bem construídos, mas aquele garotinho escolhido pra viver isso não teve nada de especial, para mim.

Pensando bem, adoraria conhecer a história das três mulheres da fazenda Hempstock, onde as lembranças do garoto/senhor ganham vida. Talvez isso salve tudo e valha a pena.

Mesmo o garotinho sendo claramente uma versão do próprio Gaiman, como ele gostaria de ser ou como se lembra das coisas, ainda prefiro a fazenda e as três outras personagens. Como disse uma amiga, me ajudando a sair da crise não-gostei-de-Neil-Gaiman “O que seria do amarelo se todos gostassem do azul”. Caiu bem, olha.